Alegrai-vos… 516c54

Padre Luciano Guidi – Paróquia Santa Luiza e São João Paulo II

“Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida!” (São Leão Magno). Comecemos nossa breve reflexão recordando este trecho dos Sermões de São Leão Magno; ensinamento que também pode ser considerado muito apropriado para nossa época.
Muitas pessoas não se sentem motivadas a celebrar intensamente a festa do Nascimento de Jesus por causa da tristeza que experimentam. Tristeza diante de tantas situações de sofrimento e vulnerabilidade presentes no mundo. Uma tristeza legítima, mas que pode paralisar o interior dos corações e gerar assim, mais sofrimento e lágrimas.


Nós celebramos o Natal do Senhor sem sermos indiferentes às dores do mundo… Celebramos a partir das dores da humanidade, que foram assumidas e redimidas por Jesus, desde seu nascimento, vivido em situação de muita precariedade, até sua experiência pascal, quando a dor foi vencida pelo Seu amor Redentor.
“Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fp 4, 4). Estas palavras de São Paulo, Apóstolo, precisam ressoar dentro de nós, de nossas comunidades e de nossos lares, como o badalar dos sinos neste Natal. E a razão da nossa alegria é a consciência da realidade que celebramos: nasceu para nós um Salvador, que é o Cristo Senhor! Não estamos sozinhos e abandonados no enfrentamento das tristezas e dores da vida. Jesus nasceu também para sentir conosco nossa dor e renovar nossas forças pela eficácia da alegria verdadeira.


É preciso discernir que existe uma grande confusão entre alegria e euforia. A euforia é uma experiência fugaz e um tanto quanto frustrante. Não é uma motivação profunda, que encoraja e reanima. Esta confusão faz com que muitos, decepcionados, desistam de se alegrar e viver com intensidade momentos marcantes da sua própria história; permanecem imunes aos estímulos que brotam de comemorações e datas significativas.
A celebração do Natal do Senhor não é um momento de euforia ou um anestésico espiritual diante da dura realidade da humanidade. Pelo contrário, é tempo de graça e de experiência do amor de Deus, manifestado na singeleza e simplicidade do presépio, chamado pelo Papa Francisco de “irável Sinal”. Este amor nos fortalece diante dos desafios da realidade, tornando-nos mais fraternos, solidários e não indiferentes, alienados.


Aproveitemos bem o tempo das celebrações do Natal para: renovar nossa esperança na força da vida, que brilha no rosto do Menino Deus; renovar nossa alegria que encontra sua fonte no sorriso e na ternura de Deus, que também foi criança. Isto não é ingenuidade! Celebrar o Natal intensamente é a mais pura resiliência… É celebrar a convicção de que Jesus veio para salvar, inclusive da tristeza que paralisa e desumaniza. O desejo de Deus é o ser humano vivo! Ele veio, no primeiro Natal; Ele virá, de forma misteriosa, neste Natal, para renovar nossa alegria…
Feliz e Santo Natal!

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